quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Trash'Em All

No espectro da música extrema, o Trash Metal sempre me deu bandas que adoro (Slayer à cabeça) mas nunca foi o meu sub-género de eleição. No entanto, recentemente,  houve duas propostas que me deixaram entusiasmado e agarrado como há muito não acontecia por estas paragens. São dois verdadeiros festins de headbanging!


VHOL - Deeper Than Sky (2015)


Um super-projecto (uma moda que está para durar, embora nem sempre com resultados muito animadores), com membros bastante conhecidos dos YOB, Agalloch e Hammers of Misfortune, que ao segundo álbum lançam uma verdadeira bomba incendiária, um poço de diversão sem ser música divertida. Really, really addictive and entertaining!!

Trash com raízes no passado  do género (há aqui riffs que tresandam a Slayer), olhos bem fixos no futuro e algumas influências de black e heavy metal. Guitarras sempre a abrir e uma secção rítmica portentosa, num álbum altamente viciante e carregado de adrenalina. E tem uma coisa que nunca tinha ouvido, pelo menos neste género: um intenso duelo entre baixo e piano, sempre em velocidade acelerada, num instrumental curiosamente intitulado "Paino".

Recomendo vivamente!! No fillers, all killers!


Lineup:
Mike Scheidt - voz
Sigrid Sheie  - baixo
John Cobbett -  guitarra
Aesop Dekker - bateria



Vektor - Terminal Redux (2016)


Outra bomba com uma velocidade média considerável, mas aqui o Trash Metal veste uma roupagem um pouco mais progressiva, no bom sentido. Nos tempos que correm, de consumismo rápido e descartável, aparecer um álbum conceptual deste calibre é uma bem vinda anormalidade. Uma história futurista com alguns aspectos inspirados no icónico filme "2001: Odisseia no Espaço", uma personagem principal com intenções bastante negativas e um enredo coerente e desafiador, que não ficará claro ao fim de um par de audições

A produção é bombástica. Permite ouvir claramente todos os instrumentos e perceber a imensa criatividade aqui patente e a enorme proficiência técnica da banda. São nove malhões e uma espécie de interlúdio ("Mountains Above The Sun"), em que apenas duas músicas estão abaixo dos 6 minutos. Sim, são musicas grandes, o que não é muito comum neste género! Mas os riffs são tantos e tão bons, os solos são enormes, o baixo e a bateria têm uma dinâmica impressionante... Não é difícil manter a atenção.

A voz, rasgada, encaixa como uma luva e consigo entender algumas comparações com a fase 'Sound of Perseverance' do malogrado Chuck Schuldiner. No entanto, e felizmente apenas um punhado de vezes, também surgem uns guinchos estilo Tom Araya, mas bastante irritantes. Como são poucas vezes e surgem no meio de tanta coisa boa a acontecer ao mesmo tempo, acabam por ser ignorados...

Apesar de todas as músicas terem vários e elevados pontos de interesse, sinto mesmo que tenho de destacar uma  música em particular: "Collapse", a penúltima faixa do disco. Dentro do andamento geral do álbum, surge neste e na história quase como uma pseudo-balada que vai crescendo em pormenores, peso e agressividade. Volto recorrentemente a esta música e, pessoalmente, penso que os Metallica gostariam de ainda conseguir sacar uma malha destas...

Extremamente bom e garanto que, lá para o final do ano, vai surgir em muitas listas dos melhores álbuns de metal de 2016. Clássico daqui a uns anos?


Lineup:
David DiSanto - voz; guitarras
Erik Nelson  - guitarras
Blake Anderson -  bateria
Frank Chin - baixo



Sem comentários:

Enviar um comentário