quinta-feira, 31 de março de 2016

Pink Floyd - Wish You Were Here

Pink Floyd - Wish You Were Here (1975)





Palavras para quê?! Um dos nomes mais icónicos, inovadores e importantes do Rock Progressivo, e da música em geral...

O legado é notável e não sei qual o meu álbum preferido entre este, o "Dark Side Of The Moon", o "The Wall" ou o "Saucerful Of Secrets", mas sei porque postei este: a música homónima deste álbum não só é uma das melhores músicas alguma vez escritas, como por mais vezes que a ouça (e já deve passar as largas centenas de vezes) mexe sempre comigo. Caio num vazio em que só existe a música, fico impotente perante a torrente de emoções, arrepio-me... Parte-me o coração metálico e traz-me a lágrima ao canto do olho (parece que a guitarra chora e eu é que produzo as lágrimas, estilo relação simbiótica). Todo o album é genial, mas esta música... transcende estílos musicais, raças ou credos e o facto de ser dedicada a alguém como Syd Berret, e com o sentimento que lhe é associado, eleva-a a níveis estratosféricos de emotividade. Até a tosse e o catarro no início da música são um pormenor do caraças!


"So, so you think you can tell 
Heaven from Hell, 
blue skies from pain.
Can you tell a green field from a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

Did they get you to trade your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here.
We're just two lost souls swimming in a fish bowl, year after year,
Running over the same old ground, what have we found?
The same old fears.
Wish you were here"


Lineup:
David Gilmour - voz; guitarras
Roger Waters - voz; baixo; guitarra
Nick Mason - bateria; percursão
Richard Wright - teclados; clarinete; segundas vozes


Lost Horizon - Awakening The World

Lost Horizon - Awakening The World (2001)




Ponto prévio: o Power Metal não é de todo um dos meus sub-géneros de eleição. Não me identifico de todo com a imagem do estilo; apesar de apreciar cavalgadas de guitarra, não me costumam despertar grandes sensações e, normalmente, as vocalizações causam-me alguma alergia...

No entanto, ao fim de 14 anos este álbum ainda me arrebata de principio ao fim. E de que maneira!! Posso honestamente dizer que, quando o ouço, me apetece pegar no escudo e no machado, partir para o campo de batalha e terminar sangrento mas vitorioso. Durante 43 minutos, sou um guerreiro invencível e nem hostes infindáveis de bárbaros me vão impedir de purificar a terra com o sangue deles... No fundo é isto! Um  album de Power Metal com todos os clichés do estilo (melodia de guitarras, velocidade, falsete, a power ballad da praxe, and so on...) mas espectacularmente e bombasticamente bem feito e carregadinho, mas carregadinho mesmo, de ALMA. É esta alma que confere credibilidade e, na minha opinião, longevidade ao álbum.

Instrumentalmente o álbum é soberbo. Grandes leads e riffs de guitarra, com solos virtuosos e ali enfiados mesmo no calor da batalha. A secção rítmica é excelente, sem grandes floreados mas cheia de dinâmica a marcar de forma magnífica os tempos dos temas - aqui tenho um fraquinho especial pelo baixo, bem audível e bem marcado. Por fim a voz... nao é de todo um problema. Pelo contrário. É outro dos pontos fortes deste álbum. Dois mega-pulmões que vão desde o registo mais calmo ao falsete mais dramático, passando pelo tom áspero do guerreiro de caneca na mão, e que me põem literalmente a cantar e gritar e berrar com ele!! As letras também ajudam: guerra, coragem, honra, lealdade... está tudo lá.

Isto são hinos de metal, fogo e sangue que envelhecem como o vinho do Porto. Música com aquelas duas características que, para mim, distinguem os apenas bons dos realmente grandes: paixão e convicção (e como isso se ouve aqui). Para quem não gosta do estilo, tenho uma adoração do caraças por este disco!!!!

Ultrapassem os preconceitos que a capa ou o estilo vos possam despertar. Isto é uma bomba e merece ser ouvida.


Lineup:
Cosmic Antagonist - baixo
Preternatural  Transmogrifier  - bateria
Transcendental Protagonist  - guitarras; teclados
Ethereal Magnanimus - voz





Informação para rodapé:

Dois anos depois lançaram o álbum A Flame To The Ground Beneath (2003), que na minha opinião é outra bomba. Menos imediato provavelmente pelo facto de o andamento, na globalidade do álbum, ser mais lento, mas igualmente apaixonante. É quase como se o primeiro álbum fosse um guerreiro com o sangue a ferver no campo de batalha e o segundo um guerreiro mais velho e sábio, saudosista das glórias do passado e desapontado com o estado do presente... Também altamente aconselhado. 

Entretanto estou há 13 anos à espera do próximo...



terça-feira, 22 de março de 2016

System Of A Down - "Wake Up The Souls" Tour

O nome System Of A Down dificilmente será desconhecido da grande maioria  das pessoas da minha idade. Em 2015 (10 anos após a edição do último álbum de estúdio), embarcaram num digressão cujo o objetivo era comemorar o 100º aniversário do Genocídio Arménio (no decorrer da 1ª Grande Guerra) e despertar consciências para as atrocidades que levaram à morte de cerca de 1,5 milhões de arménios às mãos do Império Otomano. Das 14 datas anunciadas, havia uma que saltava à vista como aquela que provavelmente seria, e terá sido, a do concerto mais emotivo: 23 de Abril, em Yerevan... Arménia!!! Com mais um aspeto emocionalmente relevante: foi o primeiro concerto de sempre dos SOAD no país do qual são descendentes!

Um concerto ES-PE-TA-CU-LAR, numa praça a abarrotar, com milhares e milhares de pessoas a acompanhar todas as músicas e sem arredar pé do concerto, mesmo durante os vários períodos de chuva torrencial!! Todos os elementos da banda dão espetáculo, o som é fabuloso e é clássico, atrás de clássico, atrás de clássico...

Para fãs da banda. Para saudosistas e nostálgicos, como eu. Para quem quiser apreciar um grande, grande espetáculo audiovisual com mensagem. Aqui está!

Enjoy

Atenção: quando se dá por ela, já passaram mais de 2 horas



Setlist:
Holy Mountains
 Jet Pilot
 Suite-Pee (Incomplete)
 Prison Song
 U-Fig
 Aerials
 Soldier Side – Intro
 B.Y.O.B.
 I-E-A-I-A-I-O
 Radio/Video
 Bubbles
 CUBErt
 Hypnotize
 Dreaming (Incomplete, middle breakdown only)
 Needles
 Deer Dance
 P.L.U.C.K.
 Sartarabad ([traditional] cover)
 Psycho (with “Start Me Up” by The Rolling Stones intro)
 Chop Suey!
 Lonely Day
 Question!
 Bounce
 Kill Rock ‘n Roll
 Marmalade
 Lost in Hollywood
 Spiders
 Mr. Jack (
with “Hezze” during guitar solo)Science
 Chic ‘N’ Stu
 ATWA
 War?
 Arto
 Cigaro
 Roulette
 Toxicity
 Sugar



segunda-feira, 21 de março de 2016

Inverloch - Distance | Collapsed

Inverloch - Distance | Collapsed (2016)



É impossível ler qualquer referência a este álbum sem ler por arrasto o nome dISEMBOWELMENT. Nome de culto com um único álbum editado (Transcendence Into The Peripheral, de 1993!!), também ele de culto, do qual faziam parte dois membros destes Inveloch. Mas não são a mesma coisa. Em ambos:  Death/Doom de excelência; andamento estilo placas tectónicas, lento e devastador; uma voz tão gutural como expressiva em tudo o que é negro e tão indecifrável que podia estar a dizer que o "rato roeu a rolha" em russo e "da garrafa do rei" em etíope, que ninguém notava a diferença... mas soaria sempre aterrador, desesperante e claustrofóbico. Mas, repito, não são a mesma coisa. Esta é uma besta diferente e merece o título, com distinção, por mérito próprio. 

É esquecer analogias com florestas escuras, cavernas ou terrores inenarráveis. Nem isso há. É tudo negro, árido e completamente alienado do resto do mundo. Um curto lead de guitarra logo no início do álbum, a lembrar os períodos mais tardios de uns Carcass ou Death, é uma falsa esperança de melodia em 40 minutos nos quais tudo o resto é negrume. Estou viciado!

Altamente recomendado! Obrigatório para quem gosta do género (e não, não é para toda a gente)! 


Lineup:
Matthew Skarajew - guitarra
Ben James - voz
Mark Cullen - guitarra
Chris Jordon - baixo
Paul Mazziotta - bateria


Baroness - Purple

Baroness - Purple (2015)

Esperava este álbum com um enorme misto de ansiedade e receio... Depois da tragédia que esteve para trás e tudo o que se seguiu, desejava ardentemente um regresso em força. Uma espécie de "ESTAMOS VIVOS E ESTAMOS AQUI", com berro vindo do goto e murro no peito a acompanhar. Não é bem isso que acontece, mas estão vivos, estão aqui e, pelo menos a mim, agarram como já não agarravam desde o "Red Album". Mais até... Os riffs já lá estavam, mas aqui há também refrões para berrar até os pulmões saltarem pela boca fora e uma sensibilidade melódica que entranha a cada audição. Canções, na verdadeira acepção da palavra.

John Dyer Baizley está em grande forma, com grande sensibilidade e confiança nas vozes limpas e vozeirão pujante quando voltam a dar aquele cheirinho a sludge mais sujo. As guitarras soltam grandes riffs, solos cheios de feeling e leads que encaixam nas músicas como uma luva. A secção rítmica é extremamente sólida e dinâmica - aqui realço o fabuloso trabalho de bateria, um dos pontos fortes desta colecção de temas.

O álbum inicia com Morningstar e que é mesmo isso, uma estrela matutina sem grande brilho mas que se aprecia. Shok Me faz subir a intensidade e dá o mote para começar a cantar a plenos pulmões, sensação ampliada na fantástica Try To Disappear. A primeira metade do álbum termina com uma acelerada e muito interessante Fugue, seguida de um interlúdio de guitarras que no meio do alinhamento quebra um pouco o ímpeto do disco, mas que em formato vinil funciona muito bem como pausa antes de virar para o lado B.

Chlorine & Wine - single de apresentação - tem tudo de bom que os Baroness fizeram ao longo da carreira e é na minha opinião a melhor música aqui registada. Com riffs mais javardos e mais pêlo na venta, The Iron Bell aguenta-se muito bem depois da intensidade emocional da faixa anterior. No entanto, a partir daqui o álbum perde força, até sermos embalados no final pela ligeireza de If I Have To Wake Up (Would You Stop The Rain?) - embora funcione bem no contexto em que surge - e os dispensáveis dezasseis segundos de Crossroads of Infinity. Não que sejam propriamente fillers, mas o interesse desce um pouco no final.

Provavelmente, um dos grande pontos fortes desta proposta é a forma como flui sem esforço do princípio ao fim e como funciona particularmente bem em formato vinil. Tem duas ou três musicas que pomos a tocar para ouvir isoladamente mas, como um todo, é um álbum excelente, que cumpre as expectativas alargando um pouco mais os horizontes desta banda e que leva a um desgaste acentuado do botão play. Basicamente: saiu no final de 2015 e continua a rolar...

Tenho de falar no artwork, mas dizer o quê?! John Dyer Baizley está num campeonato muito próprio.

Lineup:
John Dyer Baizley - voz; guitarra
Peter Adams - guitarra; voz
Nick Jost - baixo
Sebastian Thomson - bateria; percursão


Black Sabbath - Black Sabbath

Black Sabbath - Black Sabbath (1970)


Quando a ideia de escrever este blog surgiu, umas das primeiras dúvidas foi de que álbum falar primeiro. Foi sem dúvida a mais difícil de desfazer. Depois de muitas possibilidades mastigadas e alguns rascunhos iniciados, este foi o que veio à memória e nunca mais saiu do topo das possibilidades. Sem dúvida uma das minhas bandas e um dos meus álbuns preferidos. Mais, o álbum e a banda cujo o impacto se estende até hoje (quase 50 anos depois) e que foi responsável pelo nascimento de um género musical que hoje me faz ferver o sangue, no bom sentido: o Metal!! Este é um daqueles álbuns que definem a palavra clássico e que, nos dias de hoje, ainda bate com força.

Não há nada que possa dizer acerca deste álbum ou da sua relevância que já não tenha sido dito uma tonelada de vezes, nas mais diferentes línguas. Contextualizem isto numa era de rock bonitinho a apelar à paz e hippie love. De repente, um filho bastardo das ruas de Birmingham aparece vestido de negro, com ar carregado e agressivo, a falar de morte, guerra, depressão, ocultismo... Riffs e solos fabulosos, baixo marcante, bateria orgânica de raízes muito blues e o Ozzy a cantar letras do mais opressivo que se tinha visto. Instant game changer! 

Um álbum extraordinário a todos os níveis e obrigatório em qualquer colecção que se prese. 

Lineup:
Ozzy Osbourne - voz; hamónica
Tony Iommi - guitarras
Geezer Butler - baixo
Bill Ward - bateria; percursão


Deixo aqui outro grande clássico, este presente no albúm seguinte - "Paranoid", o album que elevou verdadeiramente os Black Sabbath ao reconhecimento internacional.