Baroness - Purple (2015)
Esperava este álbum com um enorme misto de ansiedade e receio... Depois da tragédia que esteve para trás e tudo o que se seguiu, desejava ardentemente um regresso em força. Uma espécie de "ESTAMOS VIVOS E ESTAMOS AQUI", com berro vindo do goto e murro no peito a acompanhar. Não é bem isso que acontece, mas estão vivos, estão aqui e, pelo menos a mim, agarram como já não agarravam desde o "Red Album". Mais até... Os riffs já lá estavam, mas aqui há também refrões para berrar até os pulmões saltarem pela boca fora e uma sensibilidade melódica que entranha a cada audição. Canções, na verdadeira acepção da palavra.
John Dyer Baizley está em grande forma, com grande sensibilidade e confiança nas vozes limpas e vozeirão pujante quando voltam a dar aquele cheirinho a sludge mais sujo. As guitarras soltam grandes riffs, solos cheios de feeling e leads que encaixam nas músicas como uma luva. A secção rítmica é extremamente sólida e dinâmica - aqui realço o fabuloso trabalho de bateria, um dos pontos fortes desta colecção de temas.
O álbum inicia com Morningstar e que é mesmo isso, uma estrela matutina sem grande brilho mas que se aprecia. Shok Me faz subir a intensidade e dá o mote para começar a cantar a plenos pulmões, sensação ampliada na fantástica Try To Disappear. A primeira metade do álbum termina com uma acelerada e muito interessante Fugue, seguida de um interlúdio de guitarras que no meio do alinhamento quebra um pouco o ímpeto do disco, mas que em formato vinil funciona muito bem como pausa antes de virar para o lado B.
Chlorine & Wine - single de apresentação - tem tudo de bom que os Baroness fizeram ao longo da carreira e é na minha opinião a melhor música aqui registada. Com riffs mais javardos e mais pêlo na venta, The Iron Bell aguenta-se muito bem depois da intensidade emocional da faixa anterior. No entanto, a partir daqui o álbum perde força, até sermos embalados no final pela ligeireza de If I Have To Wake Up (Would You Stop The Rain?) - embora funcione bem no contexto em que surge - e os dispensáveis dezasseis segundos de Crossroads of Infinity. Não que sejam propriamente fillers, mas o interesse desce um pouco no final.
Provavelmente, um dos grande pontos fortes desta proposta é a forma como flui sem esforço do princípio ao fim e como funciona particularmente bem em formato vinil. Tem duas ou três musicas que pomos a tocar para ouvir isoladamente mas, como um todo, é um álbum excelente, que cumpre as expectativas alargando um pouco mais os horizontes desta banda e que leva a um desgaste acentuado do botão play. Basicamente: saiu no final de 2015 e continua a rolar...
Tenho de falar no artwork, mas dizer o quê?! John Dyer Baizley está num campeonato muito próprio.
Lineup:
John Dyer Baizley - voz; guitarra
Peter Adams - guitarra; voz
Nick Jost - baixo
Sebastian Thomson - bateria; percursão
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